« A verdade é que quase nunca sabemos responder às dúvidas que surgem no caminho. Há sempre duas hipóteses: arriscar ou passar a vez. O passado - esse que insiste em tirar-me o sono - ensinou-me a custo que mais vale arriscar. Jogar pelo seguro não me leva a nenhum lado. Ficar à espera só serve de frustração pelo tempo perdido. Passar a vez é garantia de uma vida a matutar no "e se..." que tanto me agonia. Quando não se tem nada a perder é muito mais fácil arriscar. Apostar tudo na resposta que não temos como certa mas, por segundos, nos garante o jackpot. Ou nos deixa sonhar. Acreditar que desta vez vamos escolher o caminho certo. Permitir-nos voltar a sentir a adrenalina de quem aceita os desafios. Há quem lhe chame imaturidade. Ou irresponsabilidade. Vejo os olhos de censura que dizem mais vale jogar pelo seguro. E deve ser verdade, para quem tenha os pés no chão. Eu prefiro chamar viver a este eterno arriscar. No fim do dia o que me resta é este constante aceitar que quase nunca escolho o caminho certo. Os anos somam-se neste eterno processo de tentativa e erro. Mas o que levamos da vida são as tentativas. Os recomeços. As apostas cegas, sem garantias de retorno. Os riscos que corro e me lembram - todos os dias - que ainda estou viva. E no final, contas feitas aos resultados, chega a hora das desistências. Do assumir as más escolhas. Dos erros. E aceitar finalmente que este foi só um dia mau e amanhã (ou depois) chegará novamente o tempo de arriscar.».