sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

acredito que é este o caminho


evito-te, de quando em vez é inevitável e lá nos cruzamos. já não paro. olho-te {repara que já não te vejo: só olho}, cumprimento de forma educada. abres um sorriso, aquele sorriso. aquele que acredito que é só meu. eu já nem tenho expressão facial, se sorrir escancaro a porta de novo e tu entras. e se há uns anos entraste e te aninhaste, nos últimos tempos que o fizeste, sentaste-te no sofá da minha alma e esticaste os pés em cima da mesa. passamos um pelo o outro e ainda fazemos uma barulheira, mas já só nós ouvimos, não o partilhamos. ignoramos e arrepiamos caminho. cada um segue o seu caminho. já não há cafés, não há partilha, não há mensagens, não há conversas no parapeito da janela, não há post-it por todo o lado, não há entendimento, não há sorrisos cúmplices, disparates. só há um barulho silencioso dos nossos corpos, que fomos forçados a calar. permaneceremos, para sempre, na vida um do outro, mas em silêncio, porque acredito que este é o caminho.*

*texto do meu outro blogue: o secreto.