E fui. Se não tivesse nada, ao menos diria a mim mesma que tinha tentado. Embora soubesse, por experiência em vida, o fraco consolo que há em tudo o que não chega a ser. Tive coragem, tive. Fui buscar a força que precisava à família que criei, não tenho pais para pedir colo, mas tenho um avó de coração grande que sei está sempre a olhar por mim. Enchi o peito da pessoa que queria ser, se virasse às costas ao momento, era eu quem ficaria para trás. Queria advogar às minhas filhas que a vida não se faz só das escolhas assertivas, mas das escolha acertadas, queria ensina-las que a crença em nós mesmos, é a maior prancha para os mergulhos altos da vida, queria dizer-lhes que se deixassem arrebatar sempre que o coração sobe acima da garganta e o pulsar se torna tão intenso, que não agir é morrer. E queria dizer-lhes, que a fronteira entre a coragem e a inconsciência é ténue, só assim se percebe que a sorte protege os mais audazes, mas não se dobra aos inconscientes. E não podia fazê-lo, senão desatasse a correr atrás dos sonhos, se não suasse em demasia para os alcançar, se as pernas não me tremessem de medo, se não perdesse as noites de sono e as madrugadas a trabalhar, e se não fosse buscar às nublosas incertezas do futuro as respostas que precisava, para as dúvidas que ainda vou tendo. Ainda não venci. Quem escolhe a paixão, escolhe a luta. Nos filmes há sempre a batalha final, na vida há várias até ao fim. Mas uma coisa é certa, sempre que iço a espada, sempre que verto a lágrima, suo, corro, choro, perco e venço, é por mim que o faço. Na luta mais legítima que há em vida, a melhor de todas, a luta por ser feliz!".
quarta-feira, 23 de julho de 2014
rumo: a paixão, sempre a paixão
" Faz hoje um ano, que me despedi, e que atravessei toda a 2ª circular de óculos escuros, a soluçar entre o alívio da vida que deixava para trás e o cagaço de tudo o que estava à frente. Não tinha poupança de risco, herança acolchoada ou activos a render, que suportassem a escolha apaixonada que fiz, tinha a confiança em mim mesma, e a certeza que a vida é só uma. Tive muita gente, que me é querida, que achou por bem, segurar-me os ombros, olhar-me nos olhos e pedir ponderação. Também tive um mão cheia de outros, que me encorajavam sem contemplação, como quem olha com avidez um louco numa acrobacia mortal, "faz lá, faz lá, que eu fico a ver!". E depois, tive aqueles que gostam à séria de quem sou, que sabem que a vida é feita de timmings, que as oportunidades se criam e que nem todas as decisões da vida cabem num excel. Aqueles amigos que te empurram para a frente, e que correm a seguir, para sopé do abismo para te erguerem ao colo, se for caso de caíres. Não sei se tinha o que era preciso, mas achei que tinha, tinha a certeza de ter, queria acreditar que tinha.
Isabel Saldanha, daqui