eu sorrio, dou-te força. alegro-te. é isso que os amigos têm / devem que fazer. apoio-te incondicionalmente. a breves passos de tornares o sonho realidade {talvez ainda não da forma que idealízámos os dois, mas quase lá}: ires para o teu alentejo para sempre. antecipar um sonho por seis anos. por contigências da vida, talvez porque o herói vai cair e tu sentes, como eu já senti. ficares sem eles vai ser duro, tu negas, mas eu sinto que tu sabes. a tua coragem fascina-me, tal como te disse ontem, é onde reside parte desse encanto. só que essa tua fuga para a frente {para seis anos à frente, para algo que planeaste fazer daqui a 6 anos, assusta-me}. por ti, não por mim. quando na sexta me comunicaste a tua decisão, estranhei. no dia anterior, quando te deixei nada estava decidido. foi tudo tão rápido e parece-me uma enorme fuga para a frente. e eu não queria que fosse assim. ontem, depois de falarmos e assim que fiquei sozinha chorei. não chorei de saudades antecipadas, não chorei de tristeza, chorei de emoção de ter-te na minha vida. logo de seguida, pedi para não te esqueceres disto que temos, vás para onde fores. descansaste-me a alma para que pudesse adormecer. dormi bem, mas hoje ainda não parei de pensar que estás decidido, e que pese embora continue a achar que ainda não vai ser como planeámos os dois, que ainda não vai ser do jeito que queres - e ao qual tanto tempo dediquei - vai ser. e já me fazes tanta falta. uma falta inexplicável: não falamos todos os dias, não estamos juntos todos os dias. mas vais fazer-me falta nas pequenas coisas, nas mais pequenas, que são as que mais valorizo. e tu também. a nossa vida faz-se de pequenos nadas, de pequenos gestos. numa pequeníssima história que temos, mas tão intensa, intensa de sentimentos. e pese embora ache que quando chegar a hora o herói vai cair, sei que esta decisão é heróica. como só tu sabes ser.