Ontem a minha querida prima Susana acusou-me de estar a transformar-me numa pessoa dita normal, numa pessoa comum; com uma vida assim assim. Coisa - que ela sabe - que fujo a sete pés e para a qual não fui feita. Ora, vamos lá ver se eu consigo explicar isto: diz ela que estou a tornar-me uma pessoa calculista, que todos os dias treino um bocadinho o meu lado racional, que meço os meus passos, que me controlo, que me castro. Quem me conhece bem {como é o caso dela} sabe que sou temperamental, passional, que me rejo pelo coração, que me atiro sem olhar se há a tal rede por baixo, que adoro viver com as pernas bambas, com o coração aos pulos, que morro todos os dias e ressuscito com imensas gargalhadas. Sou uma pessoa que nunca encontrou o equilibrio emocional, mas, aqui confesso: nunca o busquei, nunca o ambicionei. Só que neste momento da minha vida deixei de ter elasticidade emocional. Não a perdi para sempre, não. E acho que não é desta que a perco. Mas, estou num momento que me apetece racionalizar os desejos; que me apetece parar para pensar nos caminhos que tomo. Onde está a tua loucura saudável? - pergunta-me ela. Está aqui, eu sinto-a. Está aqui dentro de mim, mas decidi adormecê-la por uns tempos. Por um dia, por uma semana, por um mês... não sei por quanto tempo. Mas, para já, está adormecida. Estou a tentar não seguir por um caminho. Um caminho que não quero, mas desejo {complicado, eu sei! é a minha natureza}.