terça-feira, 18 de maio de 2010

Se Roma e Pavia não se fizeram num dia, uma relação amorosa não pode ser fabricada de um momento para o outro. Podem existir factores indutores a um possível estado amoroso como atracção, tesão e entendimento, cumplicidade e prazer, até pode haver alguma paixão logo ali, nos primeiros instantes, mas o amor é outra coisa. O amor guarda os seus segredos, é como uma semente; mesmo nascendo de uma dia para o outro, esteve escondida debaixo da terra durante semanas ou meses, porque esteve a germinar. E germinar é bom.

Não há volta a dar; as relações que germinam, que fermentam, que começam tímidas e se vão projectando no tempo e no espaço ao sabor das estações podem dar frondosas árvores das quais se colherão belos frutos. São o oposto das relações pudim instantâneo, cuja regra básica se resume ao clássico basta juntar água. Ora não é preciso ter lido os deliciosos livros do grande mestre Chakall para saber que nada se faz bem feito só juntando água, nem mesmo uma limonada. É preciso saber descascar, pelar, cozer, estufar, saltear, reservar, bater, misturar, dispor, envolver, levar ao forno, pôr a ferver em lume forte, brando ou banho-maria, polvilhar, barrar e enfeitar para se fazer uma coisa bem feita.

MRP

1 comentário:

Anónimo disse...

Asim, ao ler parece tão fácil...mas faz todo o sentido e concordo plenamente.

beijo