domingo, 21 de novembro de 2010

Agora mesmo publiquei um comentário de uma leitora que me dizia que esperava que esta minha ida à garagem me trouxesse ansiedade da boa (que daquela má eu vou fugir a sete pés). Pois, eu quero dizer algumas coisinhas acerca deste assunto: a minha ida à garagem teve a ver com uma infiltração. Ele investe em arte e aqui há uns tempos tinha lá deixado umas coisas na minha box e fomos ver os dois o que se passava. Já aqui tinha falado na relação óptima que tenho com os meus vizinhos e já aqui disse o que acho deste em particular. Nós fomos lá resolver um assunto dos dois. Não sei o que é que aconteceu e como aconteceu, mas aquilo deixou de ter a ver com os quadros e passámos a falar de nós. Nada da nossa vida, mas da nossa existência. E queríamos ficar ali os dois, numa garagem húmida, gelada, pequena, só os dois. Eu não sei o que aconteceu, aliás sei: não aconteceu nada. Aconteceu que duas pessoas se deram bem e como ele me disse: tu compreendes-me e isso é bom e reconfortante. Depois subimos até à porta de minha casa e de novo não queriamos parar de falar. Ele subiu a casa e de seguida trouxe-me o livro e filmes. Disse-me: não são obras cinematográficas, mas atenta nos diálogos. E foi de fim-de-semana com o filho. Foi isto, não foi nada. Ou se calhar foi, mas eu não sei. Eu sei é que já estou a ler as poesias e preparo-me para ver os filmes. E que vamos tomar café e que se calhar vamos ser amigos e que se calhar isso é bom: sermos amigos.
Sabemos que não estamos disponíveis emocionalmente, sabemos que foi só uma conversa, uma troca de textos, uma troca de mensagens, uma troca profunda de olhares. Mas isso não é nada. Ou é, o começo de uma amizade. Eu acabei um relacionamento muito intenso (vivido só por mim e apelidado pela pessoa com quem o vivi com o um caso) e só se fosse maluquinha é que me meteria agora noutro. Se só 5ª feira descobri que andei apaixonada por um escroque, como poderia 6ª olhar para outro homem. Estou fragilizada e magoada, tenho essa consciência e nunca avançaria para nada sabendo que não estou preparada, que me posso magoar, magoar outra pessoa. E sobretudo sabendo que a outra pessoa também está ocupada emocionalmente.
Escrevi este texto, para que percebam que não sou uma doidinha que me meto com todos os homens. Se em 4 anos e meio de divorciada só me apaixonei pelo bandalho, já podem deduzir que não sou uma doidivanas. Nutro pelo meu vizinho o maior dos respeitos e desde 6ª feira ainda mais. Mas tudo com calma e tudo com leveza. Ele está aqui em cima, todos os dias, o que tiver que ser será. E até é provável que não seja nada.

Não deixa de ser um gato pestanudo, despenteado, com ar de menino, de uma educação sem fim (daqueles que segura a porta, carrega os sacos, cede-me lugar para estacionar o carro mais perto de casa, etc), de uma meiguice com a minha filha, um óptimo pai, com um ar de mal ajambrado que eu adoro, mas... não deixa de ser só o meu vizinho. Um vizinho com o qual não me importava de estar agora na garagem com uma termos com café a ouvi-lo falar... só a ouvi-lo falar. Mas não deixa de ser um vizinho.*
*já devem ter reparado que este é dos primeiros posts realmente explícito no meu blogue. se calhar nos próximos dias outros se seguirão. é sobre o que me apetece escrever. isto vai passar. não escreverei nada que me possa prejudicar a mim ou a terceiros. mas quero escrever sobre estes assuntos. lembram-se do que disse aqui? Pois, eu sou assim: verdadeira e a minha escrita também.

7 comentários:

C disse...

Também acho que não deves criar expectativas nenhumas nem esperar nada. O que tiver de acontecer, acontece. E se assim for ficas só com as coisas boas e não te desiludes!

Montana disse...

Do alto dos meus 5O anos só te posso dizer que as melhores coisas começam assim: uma grande amizade, uma grande admiração e talvez uma não grande paixão. Mas queremos um companheiro para nos fazer feliz, para nos causar problemas já bastam aqueles que o dia a dia nos trás. Portanto eu estou a torcer pelo teu vizinho. Se ele é boa pessoa e vês que pode dar outra coisa vai em frente. :)
Raramente comento mas sigo o blog á muito tempo.
Beijinhos.

Este Blogue precisa de um nome disse...

Eu não tenho expectativas, só um livro de poesias, mais nada. Juro. Nem quero. Só quero que a minha Empresa cresça e que a minha filha seja feliz. Só isso. :)

Montana

Descobrir hoje que tens 50 anos é para mim a total surpresa, porque sempre te vi como uma jovem de trinta no máximo. Tens toda a razão no que dizes toda. Mas pela nossa conversa, acho que não é isso que nenhum dos dois quer... :) e mais não posso dizer. um beijo enorme minhas queridas

Montana disse...

No meu blogue diz: Mulher, Mãe e Avó. Pois já sou avó de uma menina e qualquer dia de outra.
Beijinhos

Rita disse...

Olha que às vezes, mesmo magoado, o coração prega-nos partidas. E a vida também, das boas =) *

Isabel disse...

Não me digas que essa da ansiedade era eu?!
Gostei muito deste texto, é muito sincero. E eu também não sou do género de começar logo a “pensar em coisas”. É normal que acabada de sair de um relacionamento, ainda por cima que não correu bem, não estejas nada virada para entrares já noutro. (Mas se assim fosse ninguém teria nada que ver com isso. Não gosto de julgamentos.) Mas estou a seguir o blogue, a acompanhar o que escreves, e estou a gostar muito. Porque, repito, eu gosto de começos, mesmo que seja o começo de uma amizade. Descobrir alguém que nos encanta é sempre tão bom! Traz-nos esperança e, neste caso, dá um empurrãozinho na auto-estima. (Dá ou não dá?!)
Tudo de bom e nada de pressões!

Este Blogue precisa de um nome disse...

Sim Isabel o comentário foi teu :)

Beijo