quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Dos sonhos que um dia podem vir a ser realidade: estas palavras e escrever assim. Este último mais difícil:



Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti, como de mim.

[...]

Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz, seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga, in 'Câmara Ardente'