quinta-feira, 2 de maio de 2013

Adorei este post da Maçã de Eva. Muito bom, mesmo!

Tem toda a razão. Não se pode com o facebook.

Começo por dizer que este texto não é para todos. Nem todas as pessoas vão conseguir ler este texto mantendo-se calmas. O que vai aqui escrito pode mexer com as emoções de muita boa gente. Assim, se é uma pessoa nervosa, sensível, susceptível, feche a página e mantenha-se longe destas linhas.

Chegou aquele momento em que pensei "temos de falar". Não sei há quanto tempo criei a minha conta de facebook, sei que entre amigos fui das últimas (sempre resistente à mudança), mas com o tempo deparei-me com toda uma desgraça digna de sentir vergonha alheia. São muitas as vezes que reviro os olhos. Demasiadas.

O que vai para aquela rede social, caros leitores!

E foi assim, pensei no Mark, criador daquela rede social, agarrei-me a este texto, imaginei-o na minha frente e pensei: "temos de falar". Queria dizer-lhe que há coisas que ele tem de banir, há que vetar muito texto para sanidade mental daqueles que querem usar esta rede social de forma saudável. Não sendo eu íntima do Mark, começo por aqui a minha missão de uma rede social menos doentia e mais divertida.

Porque sou boa gente, reuni uma série de tópicos a não cometer:

1. Publicações com erros de ortografia. Isto mata qualquer um. Seja o que for que tem para transmitir, já perdeu importância. Erros e gralhas não são a mesma coisa. Gralhas estão perdoadas. Passam, vá!

2. Esta é para mulheres: fotografias do tipo "ofereço-me para trabalhos sexuais". Abundam. Posições, beijos, decotes, pernas ao léu em pose de plasticina, tudo a querer dar a ideia de que se trata de uma foto acidental. Esqueçam, toda a gente sabe que foi propositado. E toda a gente fica a saber que sois umas oferecidas. Sítio errado, isso é nos classificados do Correio da Manhã. Então quando são fotos de webcam (tiradas pelas próprias) a fazer «boquinhas sensuais», minha Nossa Senhora, segurem-me! E não, não vão conseguir fazer fotos tipo modelo de revista.

3. Imagens "a inveja isto, a inveja aquilo, tenho as costas largas". Quem tem costas largas não publica imagens sobre a "inveja". Isso que acreditais ser o grande mal da nação e o mal de todas as vossas desgraças, não é, é apenas ignorância.

4. Deus, Jesus e a turma toda "me ama", "cuidam de mim", "estão comigo". Não estão no facebook. O facebook é um antro de pecado.

5. Cartas a quem já não está entre nós (não são textos sobre quem já não está sobre nós, que é mau na mesma, mas cartas a quem já não está entre nós), assim da primeira para a segunda pessoa, como se nenhuma terceira pessoa passasse os olhos naquilo. Os que partiram não têm facebook, isso é apenas um pedido de atenção que diz o seguinte: "deixem-me comentários na página, quero ser popular", "quero que tenham pena de mim", "quero que me dêem atenção", "comentem como escrevo bem e de forma tão profunda" (99,9% das vezes é uma bodega vergonhosa e muito parola).

6. Perfis de facebook que não são dele nem dela, são dos dois. Do género "Micael e Natacha", "Jessica e Sandro". Creepy. Ganhem individualidade, sim?

7. Indirectas. Isto geralmente só vejo em mulheres: ela não explica nada mas escreve qualquer coisa só para deixar no ar que A não está fodida com B porque "essas coisas não me afectam". Por não afectar pespega-se um tudo-nada no mural que é para dar a entender que algo se passa. O leitor é sábio, sabe que aquilo é importante apesar de ela dizer o contrário (mentirosa, ou então não publicava). E assim se deixa um povo roído de curiosidade sobre o drama da vida alheia porque ninguém resiste a uma novela mexicana. Não se faz.

8. Publicar cerca de 34.464 vídeos da criancinha a fazer nada de especial. O mal não está no vídeo, nem nas fotos, está na falta de novidade e no excesso. É repetitivo. Publiquem apenas coisas giras, sim? Doses moderadas. A malta até gosta, mas tem de ser mesmo giro. Ver 5 minutos de vídeo, chegar ao fim e perguntar-me "o que é que havia aqui para ver?", é desgastante.

9. Declarações públicas de amor. Os "amo-te muito", tanto", "mais que a própria vida". Isto revolve o estômago de qualquer um, uma pessoa fica logo cheia de gases. Poupem o pessoal, sim? Get a room!

10. Frases profundas como um rabo: "olho pela janela e vejo que acordei com um lindo dia de sol. Sinto lágrimas de felicidade. A vida é bela". Fico à espera que o dedo mindinho do pé bata na esquina do mobiliário logo à saída da varanda e lá se vai a felicidade e a vida deixa de ser bela. As lágrimas vão poder manter-se.

11. Há dias vi por aí uma frase que diz muita coisa: don't facebook your problems, face them. Aquilo não é o muro das lamentações, heim?

12. Fazer "gosto" nas próprias publicações é narcisista e redundante. Se publica é porque gosta, certo? Eu não pergunto a quem saboreia um gelado se escolheu aquele sabor porque gosta daquele sabor. É a mesma coisa. Uma perda de tempo, na verdade. E ridículo.

E prontus, assim de repente reuni 12 mandamentos. Certamente deixei ficar alguma coisa de fora, mas sintam-se livres para acrescentar mais qualquer coisinha na caixa de comentários. Isto de pensar em tanta cena estranha que se vê no facebook, como são aos magotes, é difícil lembrar de todas.

Poisoned Apple, sempre a prestar serviço público. Não têm de quê.
 
Maçã de Eva