terça-feira, 5 de outubro de 2010

Brutal


"Você não me conhece, e eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza a você.
Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções.
Mas a mentira da aparência do que eu sou, e a mentira da aparência do que você é
Porque eu, eu não sou o meu nome,e você não é ninguém
O Jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação através da aceitação da distância e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia, que nos separa.
Eu quero que você me veja a mim, eu me dispo da notícia e a minha nudez parada te denuncia e te espelha.
Eu me delato, tu me relatas
Eu nos acuso e confesso por nós.
Assim me livro das palavras com as quais, você me veste."


Fauzi Arap - oiçam a Bethânia a declamar este poema aqui. Imperdível.

2 comentários:

Bonitinha disse...

Não acredito!Não acredito!
Sei este poema de cor e salteado desde criança. Os meus pais têm o vinil da Bethânia onde ela declama este poema. E eu, pequenina, com 7, tavez 8 anos punha o disco a tocar e ouvia vezes sem conta até decorar. Na altura nem entendia o poema, só gostava de a ouvir. Ainda hoje o sei de cor e o declamo para mim muitas vezes. Que bom lê-lo aqui. Que feliz coincidência. Um beijinho para ti*

Este Blogue precisa de um nome disse...

Espero que a MC também o saiba na nossa idade :)