quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ontem estive com uma amiga mais de duas horas à conversa. Estivemos nós a falar de pessoas que saem de relações longas e intensas, saem magoadas, machucadas, carentes e sobretudo fragilizadas. Ela até contava a história na primeira pessoa, porque aconteceu com ela. Teve uma relação longa de 7 anos com uma pessoa e quando esta terminou, ela ficou sem chão, vazia, desamparada. Apareceu-lhe na altura, uma pessoa que quis preencher esse vazio, era amigo dela, fazia-lhe companhia, falavam, não lhe deixava (tanto) tempo para pensar no outro (naquele que hoje ao fim de vinte e tal anos ela apelida do amor da minha vida). Ele começou a ocupar um lugar na vida dela e ao fim de muito pouco tempo decidem ir viver juntos. Ela ainda apaixonada pelo outro mas a abafar esse sentimento, decide dar esse passo. Ela queria à viva força gostar deste e não do outro. Ela mesmo a sentir amor pelo outro decide ir viver com este. Viveram juntos 13 anos. Sim, leram bem: treze anos. E ela nunca o amou verdadeiramente e tinha consciência disso. Mas era a situação cómoda, confortável, ele era amigo, fazia o que ela queria, não a aborrecia, nunca estava sozinha e ela foi empurrando com a barriga, como se costuma dizer. Há uma coisa que ela nunca aceitou: ter filhos. Exactamente por sentir que não o amava, o resto viviam como um casal comum. Ao fim de uns longos 13 anos ela toma a decisão de se separar. Hoje, olha para trás e vê tudo como uma grande perda de tempo. Perdeu 13 anos da vida com alguém que ela nunca amou. E ainda hoje deve pensar como seria se tivesse lutado pelo outro.
Isto tudo pensado é de assustar. Pelo menos a mim, que vejo cada vez mais as relações a começarem pelo fim. As pessoas andam sedentas de amor e começam as relações pelo fim. Tudo é instantaneo, não é só a mousse de chocolate, não pensem vocês o amor também o é. As relações, na minha opinião, hoje começam pelo fim. As pessoas não se conhecem, não conversam. Não. As pessoas dão umas quecas, depois lá pelo meio dão dois dedos de conversa. Depois falam de assuntos importantissímos da vida com uma leviendade inacreditável e pronto toca a brincar às famílias felizes. Este caso da minha amiga deixando-me transtornada, não me deixa no estado em que deixam aqueles em que há crianças. A forma como metem as crianças "ao barulho" deixa-me incrédula. Jamais deixaria a minha filha achar que o amor é instantaneo. O amor constrói-se. O amor é um sentimento que demora tempo a solidificar e ganhar forma. O amor não é o que a maioria das pessoas julga que é. E um amor se é para a vida (como se fosse possível acreditar nisso ao fim de dias de se conhecer alguém) têm todo o tempo do mundo e deveriam fazer as coisas com mais calma, digo eu... Para não acontecer o que aconteceu à minha amiga.

10 comentários:

Genitrix disse...

O que aconteceu a tua amiga infelizmente é muito comum, as pessoas juntam-se umas com as outras pelos motivos errados, ou para ganharem estatuto, ou para não se sentirem sozinhas.... enfuim, acabam por ser infelizes e quando se arrependem é tarde de mais, a situação continua sem nunca terem sentido a verdadeira felicidade

Gelatina de morango disse...

Confesso que tenho pavor de nunca voltar a amar da maneira que já amei por mais anos que passem...

Só Sedas disse...

SIm, hoje em dia o amor é instantâneo, sem dúvida e arrepria-me. Tenho 26 anos e só namorei uma vez, mesmo. Porque? Porque alguém com quem partilhar verdadeiramente a vida não é fácil de encontrar. Porque contruir um amor como tu bem o descreves não se faz em dois dias. A nós levou-nos dois anos erguê-lo e quase mais 10 meses tentar salvá-lo. Não deu mas ficámos amigos porque o que se partilha numa relação assim, não se esquece nunca (acho). Não nos limitámos a passar o tempo, trabalhámo-lo. Ainda hoje me lembro de muitas coisas dele e com ele, falamos, entende-me e faz parte da minha vida. Acabou mas eu sinto que fez sentido, foi tempo muito bem empregue, mesmo os passados entre lágrimas. A vida hoje em dia é leviana e embora pareça mais fácil, acaba por ser muito mais vazia.

Gostei muito do post. Beijinho

Anónimo disse...

Concordo a 100% Rita. Não o poderia ter dito indo mais de encontro àquilo que penso.

Z disse...

Totalmente de acordo, as pessoas agora começam as relações pelo fim. Já não se saí, não se passeia, nao se janta umas quantas vezes antes do primeiro beijo. O que aconteceu ás borboletas que se sentiam dantes com a ansiedade da conquista? Com a troca de olhares, com as conversas de duas pessoas a ignorar as 10 que estão á sua volta? Tenho saudades disso! Por isso é que agora me apetece estar sozinha. Não me apetece beber café 2vezes e ter logo a pressão do sexo. Apetece-me sair, divertir-me, conhecer alguém. Sentir a emoção e as borboletas de conhecer alguém. Parece é impossível...

Este Blogue precisa de um nome disse...

Z.
Totalmente de acordo. Não procures, porque é dificil encontrar disso. Pelo que tenho visto, anda tudo doido...

Pinkk Candy disse...

Deve-se dar tempo ao tempo, sem dúvida.

Pacha disse...

As relações são complicadas e cada vez mais assim se tornam, porque temos uma enorme necessidade de encontar alguém e temos cada vez mais medo de acabar sozinhos!

Mas não podemos ter medo de amar e voltar a amar, e temos de ter consciência de que podemos amar de várias maneiras diferentes!

Pinkk Candy disse...

E há casamentos que duram uma vida inteira assim, e alguns até são felizes.
E outros em que o amor não foi suficiente.

a do lado! disse...

Eu tenho tanto, mas tanto medo que me aconteça o mesmo que aconteceu à tua amiga. De não conseguir amar outra pessoa e ficar "presa" a alguém que já passou na minha vida. E dizes que ela pensa o que teria acontecido se ela lutasse pelo outro?! E eu pergunto... e quanto tempo se deve lutar?! E se essa luta for só uma fraqueza, por não haver forças para seguir em frente?!
As relações às vezes são muito complicadas!
Gostei do post:)